R.Cássia Púlice
O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA
na perspectiva de uma educação para a cidadania
Moacir Gadotti (*)

Gadotti ao discutir o tema, questiona o que é projeto? O que é projeto político-pedagógico da escola? Orienta-nos sobre a importância desse projeto e a relevância para o bom funcionamento de uma instituição escolar.
A escola passa hoje por um momento de extrema importância no contexto educacional. Suas funções abrangem um somatório de responsabilidades que a cada dia vão se expandindo, porém, podemos sintetizá-los num único e universal patamar, a formação plena do cidadão. E é nesse contexto que a escola procura reorganizar-se procurando alcançar os objetivos e metas traçados, norteados por um consistente projeto político.
Segundo Gadotti, “Um projeto político-pedagógico não nega o instituído da escola que é a sua história, que é o conjunto dos seus currículos, dos seus métodos, o conjunto dos seus atores internos e externos e o seu modo de vida.”, significando também que a escola deve estar preparada política e socialmente para as exigências da nova sociedade que está sendo constituída.
No projeto político a necessidade de uma gestão autônoma e democrática é uma das prioridades para que o processo participativo seja estimulado e possa render benefícios para o todo. Gadotti cita duas razões para que se implemente esse tipo de gestão: a primeira porque a escola deve formar para a cidadania e, para isso, ela deve dar o exemplo, a segunda porque a gestão democrática pode melhorar o que é específico da escola, isto é, o seu ensino. Obviamente este processo requer mudanças e lida acima de tudo com limitações e obstáculos, dentre eles:
a) a nossa pouca experiência democrática;
b) a mentalidade que atribui aos técnicos e apenas a eles a capacidade de governar e que o povo incapaz de exercer o governo;
c) a própria estrutura de nosso sistema educacional que é vertical;
d) o autoritarismo que impregnou nosso ethos educacional;
e) o tipo de liderança que tradicionalmente domina nossa atividade política no campo educacional.
Enfim, um projeto político-pedagógico da escola apoia-se:
a) no desenvolvimento de uma consciência crítica;
b) no envolvimento das pessoas: a comunidade interna e externa à escola;
c) na participação e na cooperação das várias esferas de governo;
d) na autonomia, responsabilidade e criatividade como processo e como produto do projeto.
O projeto político além de contar com a dedicação dos que o elaboram, devem também contar com a ousadia, com a obstinação, com uma ação interdisciplinar e principalmente com o tempo: tempo político, tempo institucional, tempo escolar, e o tempo para amadurecimento das idéias. Gadotti cita alguns elementos facilitadores para o êxito de um projeto, são eles:
1º Uma comunicação eficiente. Um projeto deve ser factível e seu enunciado facilmente compreendido.
2º Adesão voluntária e consciente ao projeto. Todos precisam estar envolvidos. A co-responsabilidade é um fator decisivo no êxito de um projeto;
3º Bom suporte institucional e financeiro, que significa: vontade política, pleno conhecimento de todos - principalmente dos dirigentes - e recursos financeiros claramente definidos.
4º Controle, acompanhamento e avaliação do projeto. Um projeto que não pressupõe constante avaliação não consegue saber se seus objetivos estão sendo atingidos.
5º Uma atmosfera, um ambiente favorável. Não é desprezível um certo componente mágico-simbólico para o êxito de um projeto, um certa mística (ou ideologia) que cimenta a todos os que se envolvem no “design” de um projeto;
6º Credibilidade. As idéias podem ser boas, mas, se os que as defendem não tem prestígio, comprovada competência e legitimidade só pode obstaculizar o projeto.
7º Um bom referencial teórico que facilite encontrar os principais conceitos e a estrutura do projeto.

Juntando-se a esse referencial, surge a “escola cidadã”, uma alternativa à falência do ensino, sustentada pela integração entre educação e cultura, escola e comunidade. Uma realização concreta dos ideais da escola pública popular. Diante disso, Gadotti reafirma sua esperança numa transformação radical construída passo a passo na estrutura educacional. Que essa mudança possa realmente transformar “velhos” valores sociais, em novos valores que venham enriquecer substancialmente a sociedade, produzindo o verdadeiro formato do cidadão brasileiro.
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