R.Cássia Púlice
Pesquisando sobre a implementação do Ensino Fundamental de Nove Anos nas escolas, colhemos fotos e entrevistas em duas instituições: pública e particular. Cada uma das instituições já havia implantado o novo processo há poucos anos, e percebemos os esforços para que o trabalho seja realmente efetivado.

A primeira escola pesquisada foi o COLÉGIO MUNICIPAL EXPEDICIONÁRIO AQUINO DE ARAÚJO, no bairro Vila São Luiz, em Duque de Caxias.
 


A segunda escola visitada foi o Educandário Santa Cecília, no bairro Vila São Luiz, em Duque de Caxias.
R.Cássia Púlice
Ampliação do ensino fundamental para nove anos.


Sabemos que a idéia realmente pode dar bons frutos, pois a criança aos seis anos tem a curiosidade do aprendizado despertada e crescente.

A forma lúdica de mesclar brincadeiras ao processo pedagógico pode e deve auxiliar a evolução da criança nessa fase da educação. Mas há que se ter cuidados. A criança aos seis anos deve ser bem preparada para iniciar o ensino fundamental sem sofrer o choque das mudanças.

Sabemos também que, muitas escolas públicas e privadas já implementaram o ensino fundamental de nove anos como novo sistema educacional. Mas, será que realmente entenderam o processo, ou apenas mudaram a nomenclatura?
Será que os responsáveis pelo trabalho de divulgação, distribuição de material,  informações e inspeção, estão seguindo direitinho a "cartilha"? E nossos governantes, têm dado condições às escolas públicas para as transformações necessárias?
Sabemos que muitas escolas precisam e ainda lutam com as reformas estruturais, com a preparação, a qualidade e condições de trabalho para seus profissionais, com a possibilidade de oferecer o mínimo possível aos seus alunos, pois faltam carteiras, quadros, material, merendas, professores, entre outras coisas...
Vamos às mudanças, mas com responsabilidade e qualidade, pois o caminho é longo e o trabalho é árduo! 

R.Cássia Púlice




Ensino Fundamental de nove anos.


A partir de 2010 o ensino fundamental que antes era de oito anos, passará a ter nove anos, efetivamente. A mudança que já está sendo instituída em escolas de alguns estados e seus municípios, não será a primeira sofrida pelo ensino fundamental. Já em 1961, a Lei nº 4.021 estabelecia quatro anos para o mesmo, com o Acordo de Punta Del Este e Santiago, o governo assumia a obrigação de estabelecer a duração de seis anos ao ensino primário, prevendo cumpri-la até 1970. Em 1971, a Lei nº 5.692 prolongou-o para oito anos.
Em 1996, a LDB mostrou a intenção de mudanças para nove anos, com  idade inicial de seis anos para a inclusão de crianças na primeira série. Em 9 de Janeiro de 2001 o PNE aprova a idéia que se transforma em meta para a educação nacional pela Lei nº 10.172, com duas intenções primordiais: “oferecer maiores oportunidades de aprendizagem no período da escolarização obrigatória e assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças prossigam nos estudos, alcançando maior nível de escolaridade”.
“No dia 06/02/2006 o Presidente da República sancionou a Lei nº 11.274 que regulamenta o ensino fundamental de 9 anos. Neste o objetivo é assegurar a todas as crianças um tempo maior de convívio escolar, maiores oportunidades de aprender e, com isso, uma aprendizagem com mais qualidade.
As legislações pertinentes ao tema são: Lei Nº 11274/2006, PL 144/2005, Lei 11.114/2005, Parecer CNE/CEB Nº 6/2005, Resolução CNE/CEB Nº 3/2005, Parecer CNE/CEB Nº 18/2005. O CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO- CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA, através da RESOLUÇÃO Nº 3, DE 3 DE AGOSTO DE 2005, define normas nacionais para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos. No seu artigo 2º explicita: Art.2º A organização do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos e da Educação Infantil adotará a seguinte nomenclatura:
Etapa de ensino - Educação Infantil -Creche: Faixa etária - até 3 (três) anos de idade - Pré-escola: Faixa etária -4 (quatro) e 5 (cinco) anos de idade.
Etapa de ensino - Ensino Fundamental de nove anos- até 14 (quatorze)  anos de idade. Anos iniciais - Faixa etária de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade - duração 5 (cinco) anos. Anos finais - Faixa etária de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos de idade - duração 4 (quatro) anos.
A Lei 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, altera a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade.
Espera-se que este seja um projeto eficaz, que possa efetivamente contribuir para a erradicação do analfabetismo em nosso país. Que esta lei possa contribuir para uma educação de qualidade, garantindo uma aprendizagem eficiente.




Como as redes estão se adaptando



De 10 de maio a 10 de junho, NOVA ESCOLA fez um levantamento sobre a implementação do Ensino Fundamental de 9 anos em todas as Secretarias de Educação dos estados e das capitais. Das 53, sete não responderam às questões. Até o fim da coleta de dados, apenas o Amapá e a capital de São Paulo ainda não tinham começado a implantar o novo modelo (veja o gráfico à direita).


Mesmo assim, dez estados e nove cidades informaram não ter matriz curricular, o que indica que a ampliação se deu sem um documento para guiar o trabalho. Outro problema é estrutural: apesar da alta adesão, 11 estados e sete capitais não fizeram adaptações para atender ao novo modelo.


Nossa pesquisa contemplou ainda a análise das matrizes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática para o 1º ano por duas especialistas: Karina Rizek, da Escola de Educadores, e Beatriz Ferraz, do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), ambos em São Paulo. "Os documentos mostram que, infelizmente, houve mais o movimento de antecipar a realidade da antiga 1ª série para esse novo público do que o de manter o que era proposto na pré-escola".

http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/legislacao/prepare-se-novo-aluno-esta-chegando-496498.shtml








R.Cássia Púlice
 Quando soube que deveria escrever um memorial para a disciplina de E.E.P.P.IV, do curso de Pedagogia na FEBF/UERJ, fiquei um tanto quanto apreensiva. A expressão não me soou muito bem, afinal, no auge dos meus 50 anos escrever um memorial, parecia na verdade a transcrição de um epitáfio. Estranha sensação!
Depois de acostumar-me ao fato e amenizar o peso da palavra memorial, travestindo-a de saudades com minhas lembranças vivas, achei que poderia tentar dar-lhe a conotação que a expressão requer. Talvez tenha que dividi-la em algumas etapas, afinal, são "apenas" cinqüenta anos... 

Primeira parte:

 Nasci no atual estado do Rio de Janeiro, antigo estado da Guanabara, sou a primogênita de cinco irmãos, e como tal sempre me coloquei na posição de defensora da prole, responsável pelo bom funcionamento da família. Após a separação dos meus pais, nos mudamos para São João de Meriti, e lá entre quatro e cinco anos de idade iniciei minha vida escolar, com uma amiga de minha mãe que lecionava em casa. Relembrar essa experiência é realmente gratificante, pois adorava a novidade.
Anos 60, mais exatamente 1964, marcante em todos os sentidos. Vários acontecimentos históricos poderiam ser citados, mas o que  teria maior importância em nosso contexto foi o golpe militar  e a ditatura resultante deste episódio. Na verdade, desta época, minhas memórias são apenas as reportagens que ficaram arquivadas e contadas na história. Lembro-me apenas que sentava em uma cadeira enorme e quase não alcançava a mesa de estudos. Precisava usar uma grande almofada para conseguir alcançar a mesa e escrever. Aprendi assim a juntar as primeiras letrinhas. Tempos de descobertas!
Pouco tempo depois (talvez um ano apenas), estreei o COLÉGIO SUMARÉ recém inaugurado próximo a minha casa, era então GINÁSIO SUMARÉ. Nesse colégio tive o privilégio de construir minha vida escolar até o segundo grau (ensino médio) e viver aventuras maravilhosas.
Sempre fui muito curiosa culturalmente, adorava estudar e participar de todas as tarefas que envolviam arte e cultura. Desfilei nas apresentações de 7 de setembro com a banda do colégio tocando tarol, instrumento de percussão da família da caixa. Participei do coral da escola em atividades de canto. Representei alguns papéis nas atividades de teatro. Fui também porta-bandeira nos desfiles de 7 de setembro, como responsável pela bandeira do município, fato que me encheu de orgulho. Devo acrescentar que sou tímida, porém atrevida...
Gostava muito de português e literatura, e em uma fase de descoberta pelo gosto de escrever, participei de um concurso de poesias incentivada pelo meu professor Jorge de Andrade, ficando em terceiro lugar, recebendo uma linda medalha da qual me orgulhei profundamente.
Mas, por esses desvios do destino em que nossos caminhos nem sempre nos levam aonde queremos, tendo que trabalhar muito cedo, precisei fazer o curso de Contabilidade (naquela época, segundo grau técnico profissionalizante) para auxiliar na função que exercia, deixando as poesias escondidas nos diários da vida. Não concluí o curso de contabilidade, parei quase no final porque o colégio passava por dificuldades e acabou fechando, transferindo seus alunos para outro bem mais distante. Decepcionada, tranquei a matrícula, pois não tinha condições de continuar.
Nesse período me entreguei ao trabalho, à família e aos preparativos para o casamento que, aos vinte e um anos de idade veio a acontecer. Fase de lua-de-mel, dedicação à vida de casada e ao trabalho, o retorno às aulas ficaram em segundo plano. Mudei-me para Duque de Caxias, e aos vinte e cinco anos tive minha primeira e única filha, nessa época por conta de problemas de saúde do meu esposo, precisei trabalhar em casa, utilizando os conhecimentos de modelagem e corte e costura, de cursos que havia feito anteriormente. Concluir os estudos se tornava um sonho cada vez mais distante.

Segunda parte:
 Em 2003, aos quarenta e quatro anos, sentindo enorme necessidade de me atualizar, e ávida por conhecimento, consegui retomar os estudos. Refiz o então ensino médio no CES (Centro de Estudos Supletivos), com a educação para jovens e adultos. Período maravilhoso que, mesmo com todos os problemas vivenciados, foi de refazimento, descobertas, grandes amizades e renovação de votos com a arte. Tive que interrompê-lo algumas vezes por vários problemas, alguns de saúde, mas não desanimei, retomando-o no ano de 2006. Parecia ter chegado o meu momento.
No CES além do ensino médio, fiz concomitantemente o curso de desenho e pintura em tela com a professora Macaf que, juntamente ao professor e diretor Miguel, a professora de Português e Literatura Terezinha, e mais alguns amigos, aos quais agradeço imensamente, me incentivaram a fazer um curso pré-vestibular para tentar a  carreira universitária.
No ano de 2007, enquanto finalizava o ensino médio no CES, fiz o pré-vestibular comunitário na UERJ, e no final do mesmo ano tentei o vestibular, como experiência, para as faculdades federais e a estadual do Rio de Janeiro, UFF, UFRJ e UERJ, nos cursos de Serviço Social e Pedagogia, respectivamente. Para minha surpresa fui aprovada nas três!

Iniciei minha carreira universitária em 2008, resolvendo optar por duas faculdades, pois como eu disse, sou um tanto quanto atrevida. Entrei no primeiro semestre na FEBF/UERJ no curso de Pedagogia, e no segundo semestre na UFRJ em Serviço Social, para então decidir em qual me adaptaria melhor. Hoje, aos cinqüenta anos de idade, apaixonada pelos dois cursos, estou no quarto período de Pedagogia e no terceiro em Serviço Social. Espero evidentemente ter saúde, força de vontade e condições de levar à frente as carreiras que optei, sem prejuízo para ambas, mas principalmente, com o objetivo de exercê-las conscientemente e com responsabilidade, somando os conhecimentos em busca de um bem maior, em benefício do todo.


Desafio

Caminha, vá!
Segue tua sina,
Desvenda teu mistério,
Procura teu lugar.
Ousa decifrar-te,
Encara teus medos,
Aguça teus sentidos,
Sobreponha-te à dor.
Declara guerra acirrada
Aos teus maiores defeitos.


Vença a ti!Teu inimigo maior.
Observa teu céu,
Vês!
Celeste é a imensidão,
Onde depois da jornada,
Vencidas todas as batalhas,
Reluzirás entre tantos,
Poucos reflexos de luz.

R.Cássia  

(Abril 2007)




Meu primeiro quadro!



                (Baía de Guanabara, Óleo sobre tela, 40x50)