“A BELA E A FERA”
Walt Disney
Rita de Cássia e Shayna.
O  filme (desenho) de Walt Disney retrata a história de dois seres  completamente diferentes que se encontram e se apaixonam, procurando  transmitir a máxima dos opostos que se atraem, ou que a verdadeira  beleza está no interior e não na aparência das pessoas.
A história  transcorre em um vilarejo do interior de Paris e conta a saga de um  belo e rico príncipe, porém mimado e grosseiro que, por seu egoísmo e  arrogância ao desprezar e negar uma rosa oferecida por uma velhinha  pobre, de má aparência, é surpreendido e transformado em Fera por, na  verdade, uma linda feiticeira, e seus empregados em móveis e utensílios  domésticos. Para que o feitiço seja quebrado o príncipe deverá conhecer o  amor, ou seja, aprender a amar e ser amado no prazo de 21 anos, do  contrário viverá eternamente como Fera, enclausurado em seu castelo.
Nesse  pacato vilarejo de pessoas simples e vida rotineira, afastado do  castelo da Fera, mora Bela, filha de um velho inventor, moça bonita,  perspicaz, inteligente, afetuosa, que se interessa por livros. É  considerada pelos moradores do vilarejo uma moça esquisita e metida a  inteligente, assim como seu pai é visto como um velho “matusquela”, pois  eles não aceitam e discriminam o que for diferente. Nele também mora  Gastão, um jovem considerado o mais bonito do vilarejo, e é, por  conseguinte um tanto quanto machista, autoritário, orgulhoso e  egocêntrico, tem o firme propósito de se casar com Bela a qualquer  custo, por achá-la compatível a sua beleza.
Bela se torna  prisioneira da Fera ao tentar libertar seu pai, que é preso ao se  esconder no castelo tentando refugiar-se de lobos ferozes. Este encontro  entre a Bela e a Fera, começa a promover mudanças no interior da Fera,  que se encanta com a beleza exterior e interior de Bela. Essa beleza é  realçada quando Bela pede para ficar prisioneira no lugar de seu pai,  abrindo mão de seus sonhos e se pondo a mercê da horrível Fera. Este a  priori, movido por interesses próprios, aceita a troca buscando  favorecer a quebra do feitiço.
Aos poucos, enquanto prisioneira,  Bela também consegue identificar traços de bondade e beleza no interior  da Fera, despertando com isso um grande interesse e maior afinidade  entre os dois, até se apaixonarem. Assim transcorre a história, até o  desfecho em que Gastão toma conhecimento da existência da Fera e por  ciúmes tenta matá-lo, instigando os moradores a rumarem em direção ao  castelo para destruí-lo.
Como todos os filmes de Walt Disney, esse também é cheio de encantos e  magia, com lindos personagens, bela fotografia, cores deslumbrantes, um  musical encantador, enfim, um clássico que contagia desperta e prende o  interesse de quem o assiste, até mesmo os adultos. Só mesmo assistindo  uma segunda vez, com “outros olhos”, podemos perceber que o filme  discorre entre vários temas enfrentados e combatidos no cotidiano, como a  intolerância, o desrespeito, o desprezo, o preconceito, a indiferença, a  valoração do poder e da riqueza, entre outros.
O vilarejo é  composto por pessoas humildes, pobres, de peles claras e felizes,  segundo seus interesses. Entretanto, destaca-se o fato de não haver  sequer um morador negro, e serem todos preconceituosos. Bela e seu pai  são exemplos desse preconceito, ele por ser um inventor e estar sempre  procurando modificar e melhorar as coisas, ela é discriminada por gostar  de ler, por ser inteligente e não se encaixar no perfil dos moradores,  os quais não buscam mudanças e se comprazem com a mesmice. E mesmo tão  inteligente, à frente de seu tempo, é uma sonhadora, e com base nos  livros que lê ainda deseja encontrar seu príncipe encantado. Algumas  cenas reforçam a contradição da idéia central de um conto infantil onde  há um príncipe encantado perfeito. O príncipe, antes de ser enfeitiçado  já denotava um caráter medíocre, era mimado, egoísta e grosseiro, além  de mal educado, o que vem a ser amenizado muito tempo depois da sua  transformação em Fera.
Gastão é o caçador do vilarejo, um belo  jovem egocêntrico que não desperta o interesse de Bela, tem tantos  defeitos quanto o príncipe, mas é pobre. Trata seu empregado, um ser  subserviente, com desdém, humilhando-o e agredindo-o o tempo todo, uma  violência que, na verdade, não deveria ser ressaltada. Ele é manipulador  e usa de artifícios desabonadores como chantagem, corrupção, entre  outros, para tentar se casar com Bela. Artimanhas muito utilizadas,  infelizmente, por muitas pessoas na vida real. 
A história mostra  que os personagens têm tantos defeitos morais quanto às pessoas do  cotidiano real, pois fazem pré-julgamentos, agem com mesquinharia e  interesses próprios, pensam primeiramente em si mesmos e não aceitam o  diferente. A beleza física pressupõe lugar de destaque e respeito  impondo padrões, dessa maneira, por sua forma horrível e feia a Fera se  retrai, afastando-se das pessoas, vivendo em clausura, como fazem ou são  obrigados a fazer os que são excluídos. Quando descoberto, o  príncipe/Fera é rechaçado, agredido e humilhado pela população,  problemas pelos quais passam as pessoas consideradas diferentes na  sociedade real. Mas, após solucionarem os problemas, e obterem a vitória  do amor entre a Bela e a Fera, fica a mensagem que, devemos procurar  ver além das aparências, respeitar as diferenças, pois dentro de uma  “fera” pode existir sentimentos e valores que devem ser considerados e  enaltecidos para a evolução do ser humano.